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"QUEM VAI ROGAR POR NÓS?"


Por João Gustavo

João Gustavo dos Santos Farias

Nos últimos anos o pobre brasileiro passou a se preocupar com a bolsa de valores, passou a se preocupar com as variações do dólar (também, isso está estampado o dia inteiro nos jornais e TV). O pobre brasileiro adotou um discurso elitista, rechaçou os movimentos sociais, deu banana aos sindicatos e afastou dos cargos políticos os candidatos que mantinham um discurso ligado ao trabalhador e as condições de trabalho.

Surgiu o pobre de direita, que bate no peito pra defender liberalismo econômico, que apóia as reformas trabalhistas, que apoia as reformas de previdência e que critica com veemência o funcionário público e os direitos dos trabalhadores, sempre tendendo a apoiar o empresariado. 

A maioria da nossa população é pobre. E bastou que um partido ligado a movimentos trabalhistas (PT) tomasse decisões bastante imbecis (de fato, suas lideranças fizeram lambanças terríveis e mereceram ser rechaçadas do governo como foram) que a minoria realmente rica da população entendesse que era hora de conseguir o apoio dessa massa. E conseguiu... 

Nos momentos de estabilidade econômica, tudo é lindo. O pobre recebe, consegue sobreviver, consegue financiar alguns sonhos e dorme satisfeito, mas na crise, ele precisa de apoio. Precisa de políticas sociais, precisa de lideranças que o ajude e precisa de alguém com força para interceder.

Nós pobres brasileiros, apoiadores de empresários, de governantes liberais, estamos à beira de uma crise, uma crise econômica e sanitária. O governo, que nós escolhemos, que aos poucos vem cortando nossos direitos, já deu seu recado, já demonstrou em sua primeira atitude o lado que está, e não teria motivo para ser diferente, esse sempre foi o discurso. 

O pobre sempre é o primeiro a sofrer e é o último a sair do sofrimento (quando sai). Nós acabamos com as forças sindicais, acabamos com os movimentos sociais, tiramos a força dos partidos ligados a estes movimentos e as igualdades de classe. E agora? Quem vai nos estender a mão? Os financiadores do Pato da Fiesp? Os donos do agronegócio que todos os dias colocam veneno em nossas comidas? A bancada ruralista do congresso? Os donos de grandes empresas? A galera que faz compras em Miami? Ou será o governo, que desde sempre disse que lutaria para fazer as reformas e diminuir nossos direitos de trabalhadores? 

Nenhum deles vai fazer isso, nunca fizeram e não vai ser agora. Os super ricos ganharam a batalha de classe, sem ao menos participarem dela. Eles simplesmente pediram nosso apoio e nós demos; e em troca, além de não ganharmos nem um muito obrigado, vamos ganhar um "dar de ombros". 

Talvez seja tarde demais pra ter aprendido a lição que: pobre, dá a mão pra pobre. Assalariado apoia quem tem pauta pra assalariado. Que discurso elitista cabe à elite, ou melhor, a elite egoísta! E enquanto digerimos essa dura realidade: 

Nós pobres olhamos para cima e nos perguntamos "quem vai rogar por nós?"